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Rio+20 lota 95% dos hotéis e abre espaço a múltiplas alternativas pouco convencionais

Posted: 3 de mai. de 2012 | Publicada por por AMC | Etiquetas: ,


No Rio de Janeiro, a grande loucura do momento prende-se com o alojamento para os mais de 50 mil visitantes esperados para a cimeira internacional da ONU, a realizar na cidade entre 13 e 22 de Junho. Com 95% da rede convencional já reservada, encontrar estadia durante a Rio+20 é quase um milagre que desespera os participantes.
Em meio à intensidade da procura, crescem as iniciativas paralelas para ampliar a oferta de camas. As soluções são as mais improváveis e não faltam propostas insólitas, imaginação, criatividade.
A prefeitura resolveu incentivar o aluguer de casas particulares e até incumbiu a RioTur de criar um portal na Internet, especialmente destinado a esse efeito. Os cariocas vêem na ocasião uma oportunidade para ganhar um dinheirinho extra e são inúmeros os que estão disponíveis para desocupar temporariamente as suas casas e alugá-las durante o período da Rio+20. Há mesmo quem esteja a investir em obras e reformas, de modo a tornar os imóveis mais atraentes. Com o objectivo de convencer os mais renitentes, estão em curso campanhas e pacotes turísticos vários, destinados a gerar atractivos capazes de atrair os cariocas para fora da cidade durante esses dias, libertando assim as próprias casas e desocupando as ruas ao movimento adicional que a Rio+20 irá gerar.
Além das unidades turísticas que vão de albergues a hotéis de luxo, também as pousadas da juventude e os hostels estão totalmente lotados e nem os móteis escapam à requisição oficial. Além da Rio+20, outros mega-eventos se seguem, como a Copa do Mundo e os Jogos Olímpicos, pelo que os proprietários não hesitam em mudar as regras do jogo para aproveitar o negócio. Na onda, os móteis estão a alterar o habitual regime de aluguer à hora para diárias fixas e a redecorarem os espaços para ambientes mais 'clean', em consonância com o novo tipo de clientes que pretendem agora capitalizar.

Segue a reportagem, para ler clicando no link em baixo.

Prefeitura do Rio anuncia portal para facilitar alugueres particulares

Diante do cenário de superlotação de hotéis e preços altos de diárias, o prefeito Eduardo Paes anunciou, em Março, o lançamento de uma campanha para estimular a hospedagem domiciliar.
O portal para viabilizar o projecto, inicialmente prometido para o início de Abril, será lançado pela Riotur na segunda semana de Maio, de acordo com o secretário municipal de turismo, Antonio Pedro Figueira de Mello que, embora não arriscando dizer quantas vagas serão geradas pelo programa, aposta na fama dos cariocas para que não falte hospedagem para os visitantes. "O carioca é por natureza um povo muito receptivo, tanto que o Rio já ganhou prémios como a cidade mais receptiva do mundo. Tenho certeza que os cariocas vão abrir suas portas para os visitantes", afirma. "Os visitantes poderão ter uma experiência única de conviver com os cariocas e conhecer melhor a cidade, e os cariocas terão a chance de ganhar uma rendinha a mais."
No site, moradores poderão anunciar quartos para alugar em suas casas, seguindo o modelo de hospedagem domiciliar, tipo "bed & breakfast"; ou apartamentos inteiros, em aluguéis de curta temporada, sem a presença dos anfitriões.

Crescem os interessados

André Teixeira, empresário do ramo gráfico, é um dos interessados. Em Março, quando a prefeitura anunciou a campanha, ele decidiu alugar seu apartamento no Recreio, próximo à principal sede da conferência, para ganhar um dinheiro a mais. No entanto, ele continua esperando o lançamento do portal, preferindo não buscar outros caminhos. "Acho importante o Rio desenvolver essa cultura de alugar seu apartamento por 10, 15 dias e ganhar uma receita extra. Vai ajudar a cidade a se movimentar", considera Teixeira. "Mas tem que ser feito de uma maneira legal, e não informal", afirma ele, que teve boas experiências com hospedagem domiciliar na Alemanha.
Professor de turismo na Universidade Veiga de Almeida, o consultor de hotelaria Carlos Davies considera a iniciativa da prefeitura importante, mas diz que o brasileiro ainda não tem o costume da hospedagem domiciliar e que é preciso tempo para que isso se desenvolva. "Isso não pode ser feito empiricamente. As pessoas precisam de uma orientação para receber estrangeiros. O ideal seria oferecer um curso de graça para esse pessoal, ensinando como se recebe, como se faz um café da manhã para os gringos. Coisas básicas", sugere.
Ele considera que o Governo terá que fazer uma campanha forte para engajar os cariocas no curto prazo até a conferência. Mas os avanços poderão ficar como legado para os grandes eventos que a cidade receberá até 2016. "Uma vez que isso vai para a frente, o pessoal vai querer repetir em outros eventos e já não vamos ter o problema que temos hoje", pondera Davies.

Procura 'bombando'


Enquanto a campanha oficial não deslancha, alguns cariocas buscam outros caminhos, impulsionando o mercado de aluguéis por curta temporada.
O empresário Eduardo Serrado sentiu o efeito na empresa que está iniciando, House in Rio. Ele aproveitou a Rio+20 para lançar seu portal de aluguel de imóveis por curta temporada, começando com uma versão dedicada especialmente ao evento - House in Rio Plus 20. A página foi ao ar no início de março com menos de 20 imóveis, e hoje tem cerca de 400 apartamentos cadastrados, 40% dos quais já estão alugados. "A procura tem sido grande. Nós já atendemos embaixadas, ONGs, associações... Disponibilizamos as características dos imóveis e os contatos dos proprietários e as pessoas fazem o contato direto com eles", explica. "Muitas pessoas estão alugando seus apartamentos por temporada pela primeira vez e agora está começando a aumentar o número de pessoas alugando quartos dentro da própria casa."
O designer Charlles Amorim anunciou um estúdio que costuma alugar por temporadas em Copacabana. "Para a Rio+20, a procura bombou. No mesmo dia comecei a receber e-mails e dois dias depois já tinha fechado para o evento", diz. Ele alugou o apartamento para dois noruegueses por R$ 220 por dia.

'Preços de mercado'


Valores semelhantes aos cobrados por Amorim são difíceis de encontrar em hotéis nas zonas sul e oeste do Rio, onde a demanda no período da conferência elevou os preços.
No portal da prefeitura não haverá regulação para os preços de hospedagem domiciliar ou aluguéis anunciados no portal da prefeitura. De acordo com Antonio Pedro Figueira de Mello, os valores deverão seguir a lei do mercado. "É uma relação mais pessoal do dono da casa com o consumidor e vai pelo bom senso. Se o proprietário colocar um valor exorbitante, terá que achar alguém que acha que vale", diz.
A prefeitura contará com parceiros com experiência no sector, como o Cama e Café e o Bed & Breakfast Brasil. Segundo Mello, eles farão o "meio de campo" com os proprietários que quiserem cadastrar seus imóveis no site e a checagem dos locais. Mello não dá detalhes sobre os pré-requisitos ou condições para o aluguel, mas afirma que as informações estarão concentradas no site.

Particulares são alternativa aos 95% dos quartos reservados em hotéis

A menos de dois meses da Rio+20, os hotéis da cidade já têm 95% das vagas reservadas. É certo que outros 10 mil quartos serão construídos a tempo da Olimpíada de 2016, mas só começam a ficar prontos no ano que vem e não será possível a rede convencional contar com eles a tempo da Conferência do próximo mês de Junho.
Desde que a Associação Brasileira da Indústria de Hotéis (ABIH-RJ) anunciou que os 33 mil quartos disponíveis na cidade, incluindo albergues e motéis, não seriam suficientes para atender aos participantes da conferência, sites de hospedagem domiciliar começaram a ser criados, facilitando a negociação entre os donos e os turistas.
Lançado em Março, o site Rio Plus 20, dedicado à Rio+20, já tem cerca de 500 imóveis cadastrados, dos quais mais de 30% estão alugados. As diárias variam entre R$ 90 para quartos e R$ 3.000 para apartamentos, atraindo, principalmente, embaixadas e delegações de outros países, segundo o empresário responsável, Eduardo Serrado.
Pensando na conferência, o portal Rio Home Stay unificou recentemente sites de aluguel que oferecem cerca de 200 quartos no esquema cama e café - o anfitrião não precisa sair de casa e costuma oferecer café da manhã aos hóspedes. As diárias variam entre R$ 130 e R$ 250, e, de acordo com o administrador, Carlos Cerqueira, 75% das vagas já estão ocupadas, sendo 80% por estrangeiros.
De olho em outros eventos internacionais, como a Copa do Mundo de 2014 e as Olimpíadas de 2016, Carlos Cerqueira, apostando no cadastro de imóveis, lançará um novo portal de hospedagem na próxima semana. "Pretendemos dobrar o número de vagas até meados do maio com o novo portal, que dará mais facilidade para o anfitrião incluir e administrar as reservas", disse.

Alugar a própria casa, uma ideia que ganha espaço no Rio

Na recta final para a Conferência, está difícil conseguir alojamento e, por essa razão, muita gente vai alugar a sua própria casa aos visitantes, ganhando com isso um dinheiro extra.
A jornalista Giani Barboza colocou num site o seguinte anúncio: "Aluga-se um apartamento quarto e sala, um brinco, já com electrodomésticos. Motivo: receber quem vem ao Rio de Janeiro para a conferência das Nações Unidas sobre o desenvolvimento sustentável: a Rio+20”. A página já tem mais de 300 outros imóveis disponíveis e ela agora espera uma proposta. Se conseguir, vai ficar na casa dos pais durante o evento. "É para reforçar o orçamento, pois quero investir no apartamento. Vi reportagens sobre hotéis lotados e hotéis pequenos com preços abusivos. Por isso, achei a ideia muito legal", disse ela.
Acostumada a receber hóspedes desconhecidos sem precisar sair de casa, também a jornalista Fabiana Cimieri quer alugar o apartamento em Ipanema, na zona sul, para a Rio+20. Ela costuma contar com a ajuda de corretores, mas desta vez não descarta incluir o imóvel em um site especializado, entre eles o portal dedicado da prefeitura do Rio, que deve ser lançado em breve. "Gostaria de me cadastrar na Riotur e continuar com os corretores. Nunca tive nenhum problema em alugar. Sempre foi uma experiência agradável e rentável", disse. "Quando chega uma pessoa na sua casa querendo conhecer e conversar sobre a cidade, dá um clima de férias, quebra a rotina", disse a jornalista, que ainda não sabe quanto vai cobrar. "Dependerá da demanda".

Hostel e albergues nunca foram tão concorridos

Num dos maiores hostel da cidade - espécie de albergue, com café da manhã, roupa de cama e internet – que fica no Catete, na Zona Sul do Rio, todas as 130 vagas estão reservadas para a Rio+20. Um dos hóspedes, Geraldo Magela, diz que o hostel é um lugar para interagir com outras pessoas, “se sentir mais em casa, confortável”. “É um pouco mais informal, tem a liberdade de entrar e sair, fazer sua própria comida. E é bom para conhecer muita gente”, concorda Prisicila Meyer.
Para tentar aliviar o trânsito na cidade durante a Rio+20, o prefeito Eduardo Paes vai enviar um projecto de lei à Câmara dos Vereadores para que seja decretado feriado escolar entre 20 e 22 de Junho, dias em que se realizará a reunião de cúpula entre os Chefes de Estado. Segundo a prefeitura, já ficou acertado que os governos municipal, estadual e federal vão decretar ponto facultativo nas repartições públicas nesses dias.

Incentivo do Carioquinha

Este ano, a edição do projecto Carioquinha também vai incentivar os moradores do Rio a ficarem fora da cidade durante o evento. Hotéis na Região dos Lagos e na Região Serrana darão descontos no período de 5 de junho a 1º de julho. As promoções valem também para passeios e esportes radicais.

Móteis são recrutados oficialmente para a Rio+20

Seguindo a tendência de outros motéis do Rio, os três estabelecimentos do empresário Secundino Lema estão começando a atender também ao segmento corporativo, trabalhando com diárias completas em vez do sistema rotativo, que permite períodos de quatro a doze horas de permanência.
De acordo com Antonio Cerqueira, do Sindicato de Bares, Hotéis e Restaurantes do Rio de Janeiro (SindRio), os motéis que estão passando por essa mudança de perfil estão sendo procurados pela agência oficial encarregada das reservas para as delegações internacionais que vêm para a Rio+20, a Terramar. Secundino foi contactado pela agência e se comprometeu a reservar as vagas de seus três motéis – Skorpios, Hawaii e Serramar, na chamada Rua dos Motéis, na Barra – pelos dez dias da conferência (a partir do dia 13, para não prejudicar o Dia dos Namorados).
Durante a Conferência das Nações Unidas sobre Desenvolvimento Sustentável, entretanto, a exigência é que o motel funcione apenas como hotel. "Coloquei os quartos à disposição e agora estamos aguardando o contrato. Se for assinado, eles terão exclusividade e não poderemos ter rotativo no período", diz.
No rotativo, Secundino recebe cerca de dois mil clientes nos três hotéis por semana, mas na Rio+20 o número será mais restrito, já que eles somam 170 quartos. As diárias serão de R$ 300. Ele diz que está tentando colaborar com a cidade. "Não poder receber os nossos clientes é um pouco constrangedor, mas espero que a clientela entenda a necessidade de acomodar as pessoas de fora."

De rotativos a diárias fixas, com redecoração 'clean'

De acordo com Antonio Cerqueira, vice-presidente da SindRio, a mudança de perfil de motéis no Rio começou há cerca de dois anos, motivada pelos mega-eventos que o Rio vai sediar até 2016 e por uma queda no movimento em motéis. "O mercado moteleiro tinha crescido muito nas últimas décadas, mas agora o mercado que está em crescimento é o corporativo. Acho que o segmento (moteleiro) vai se adequar cada vez mais até a Olimpíada", afirma ele, dono de dois motéis em São Conrado, o Sinless e o Shalimar. O primeiro também teve o bloqueio de reservas solicitado pela agência da Rio+20.
Hoje, cerca de três mil leitos em motéis já foram repaginados para atender a executivos, diz Cerqueira. A principal mudança, afirma, é na decoração. Tapetes de veludo e camurça nas paredes são removidos e mais luzes são acrescentadas.Mas características tradicionais, como banheiras de hidro-massagem, espelhos no tecto e garagens privativas, são mantidos. "A decoração fica clean, bem suave. Isso agrada a todos. Quem quiser ter um encontro amoroso vai ficar satisfeito e quem vier se hospedar também", diz. "Na prática, a gente vê que os executivos gostam muito disso. À noite, podem ter acesso a equipamentos como uma hidro privativa ou uma piscina de onde pode assistir ao jornal", ressalta. link

para o G1 com Agência Brasil e BBC

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